21 de mai. de 2013

Jeffrey Dahmer - O Canibal de Milwaukee (Pt1)


Muitas das vezes, algumas das chaves para se entender as ações de um serial killer estão em sua infância. Tortura envolvendo animais e crianças menores, enurese noturna e piromania fazem parte da chamada "Terrível Tríade". O abuso sexual ou agressão física também podem colaborar para o comportamento destrutivo. Mas, e quando uma criança leva uma vida aparentemente normal, uma criança que nunca foi fisicamente ou sexualmente abusada, não gostava de torturar animais, nem tinha mania de provocar  incêndios, cresce e se torna um terrível homicida necrófilo e canibal? O que fez um menino, aparentemente normal, do meio-oeste americano, crescer e se tornar um dos piores assassinos em série dos Estados Unidos nos últimos anos. Conheça a infância de Jeffrey Dahmer.


Milwaukee.

Milwaukee é uma agradável cidade, localizada no estado do Wisconcin, EUA. Colonizada por alemães em 1835, Milwaukee também é lembrada por ter sido refúgio do mafioso Al-Capone.

Um dos alemães a se mudarem para o novo mundo de Wisconsin foi Johann Dahmer,  nascido em 1867. Johann e sua mulher, Rose Sidel, tiveram um filho em 21 de agosto de 1903, chamado Herbert Dahmer, em Crawford, Wisconsin.  Johann morreu cedo, em 1907. Rose Sindel também morreu cedo (a data de morte é ignorada), deixando Herbert Dahmer sozinho. Ele casou-se com Catherine e teve um filho, Lionel Herbert Dahmer, nascido em 29 de julho de 1936, em West Allis, Wisconsin.


Uma caricatura da imigração alemã em Milwaukee, Wisconsin. Milwaukee foi um destino muito procurado por imigrantes alemães  entre o final de século XIX e início do século XX.
Lionel não sabia, mas se tornaria o pai de um dos criminosos mais terríveis da história dos Estados Unidos. Lionel Dahmer teve uma vida aparentemente normal, exceto pela sua relação com outros meninos do bairro. Após apanhar de alguns valentões, Lionel fantasia episódios de violência contra aquelas pessoas. Outra estranha mania do pequeno Lionel era atear fogo nas coisas. Em um dia em especial, ele quase incendiou a garagem do vizinho, apenas brincando com fósforos. Também chegou a criar algumas bombas caseiras. Tais comportamentos viriam à tona em sua mente mais tarde.


Joyce Flint.

Lionel Dahmer conheceu Joyce Annet Flint, com quem se casou em 22 de agosto de 1959. Desde o início, o casamento não foi feliz, com uma briga ocorrendo logo no primeiro dia de casados. As brigas se tornariam constantes, de forma que Joyce fugiria várias vezes de casa, cabendo à Lionel ir até ela e fazer às pazes. Na véspera do ano novo de 1960, auge do inverno, Joyce, que já estava grávida nessa época, saiu novamente de casa. Ela foi encontrada em um parque local, sentada no chão e chorando. Estava descalça e não vestia agasalho. Joyce, aparentemente tinha diversas doenças emocionais. O que dificultava a relação com ela.
Joyce Annett Flint
A gravidez deixou Joyce extremamente frágil. Segundo Lionel, foi vítima de uma doença psicossomática, sendo vítima de diversas convulsões e ataques durante a gravidez, de modo que até um médico foi chamado para injetar nela alguns remédios, principalmente o fenobarbital. Esse fato consta no livro "A Father's History", de autoria de Lionel, porém essa versão é negada por Joyce. Segundo ela, fora as náuseas fortes, não havia nada de errado com sua gravidez. Dahmer alegou que as pernas de Joyce se endureciam, seu corpo começava a ficar rígido e a tremer. Sua mandíbula se torcia para a direita com uma rigidez assustadora. Os olhos de Joyce pareciam com um de um animal assustado e ela começava a salivar, literalmente espumar pela boca. Em A Father´s History, Lionel chega a descrever sua esposa como um cadáver prestes a parir.

Lionel era silencioso, mais reservado e totalmente isolado em seu trabalho. Ele estudou muito para sua licenciatura em química analítica na Universidade de Marquette, buscando por coisas melhores. Durante algumas discussões, Lionel preferia calar-se, mesmo estando com a razão. Era comum Joyce discutir até o fim, mesmo estando errada. Seu comportamento, segundo alguns, era de ser rebelde e problemática.

Às 4:34 hs, do dia 21 de maio de 1960, no Hospital Evangélico Deaconess, em Milwaukee, veio ao mundo Jeffrey Lionel Dahmer. O nascimento de Jeffrey deixaria Joyce e Lionel felizes, porém a criança não se tornou um elo entre eles e os atritos entre o casal continuou. Jeffrey teria uma infância normal, brincando com bichos de pelúcia e brinquedos de madeira, até que, com cerca de 4 anos de idade, Jeffrey teve uma experiência que o marcaria para sempre.


Lionel Herbert Dahmer e Joyce Flint posam com o pequeno Jeffrey no colo, em 1960. Apesar do carinho dos dois pelo filho, Jeffrey não se tornou um elo entre os dois e a relação do casal continuou mal.
Lionel, Jeffrey e Joyce.
No corpo do pequeno Dahmer se desenvolveu uma hérnia dupla. A operação para se retirar a hérnia traumatizou o garoto, pois não entrava em sua cabeça a ideia de ter o corpo aberto para ser vasculhado por pessoas desconhecidas. Além disso, Jeffrey teve medo de perder seu pênis. Após ser operado, ele perguntou ao pai se seu pênis havia sido cortado e reclamou de estar demasiadamente machucado. Segundo Lionel, Jeffrey vagava pela casa, enrolado em seu roupão, cabisbaixo como um velhinho. Ninguém havia explicado a Jeffrey o que realmente havia acontecido e isso, de certa forma, marcou seu subconsciente para sempre. Jeffrey teria diversos problemas de ouvido e de garganta, mas aparentemente levave uma infância normal. Uma experiência lembrada por Lionel, nessa época, foi quando ele e Jeffrey cuidaram de um passarinho machucado e soltaram-no na natureza. Jeffrey parecia encantado com aquilo.


Fotografias de família. 
A família Dahmer se mudou para Iowa em 1962, onde Lionel fez seu doutorado de química analítica na Universidade do Estado de Iowa. Um, dia no ano de 1964, Lionel tirou ossos de animais mortos do porão de sua casa. Os ossos estavam secos. Jeffrey parecia ter ficado encantado com o som que os ossos faziam em suas mãos. Lionel achou que aquele comportamento era comum entre meninos. Uma curiosidade normal. Terminado o doutorado, em 1966, Lionel levou a família para a cidade de  Akron, Ohio, onde conseguiu um trabalho como químico. Nessa época, Joyce estava grávida outra vez. Essa gravidez, porém, pareceu ser menos complicada que a de Jeffrey.


David Dahmer.

Aos seis anos e alguns meses de idade, outra surpresa para Jeffrey: O nascimento de seu irmão David. Jeffrey demonstrou carinho com o irmão, mas a relação entre os dois não era a das mais perfeitas. Conforme cresciam, além da diferença de idade, surgiu também a diferença de personalidades. David era mais extrovertido e falante, enquanto Jeffrey era mais tímido e calado. Isso deixava Jeffrey de certa forma nervoso, mas ele nunca foi fisicamente agressivo com o irmão. Jeffrey se tornou cada vez mais tímido, distante e inexpressivo, sofrendo de quase isolamento e seus pais tomaram providências para que ele interagisse mais com outras crianças da escola e do bairro. Lionel passava pouco tempo em casa, mas providenciou alguns pequenos animais para que Jeffrey tivesse com o que brincar. Jeffrey também ganhou um cachorro, chamado por ele por Frisky, a quem amava muito. Jeffrey Dahmer iniciou seus estudos na Hazel Harvey Elementary School, em Barberton. Os pais de Jeffrey pararam de dividir o mesmo quarto.


Jeffrey Dahmer, 1967.


Jeffrey Dahmer ao lado de seu cachorro, Frisky, em 1967. É amplamente informado que Jeffrey Dahmer foi um torturador de animais durante a infância, embora tais rumores se mostrem falsos.


Jeffrey Dahmer beija seu irmão, David. O próprio Jeffrey escolheu o nome do irmão. A relação dos dois seria boa, mas não tão próxima. Jeffrey era tímido, enquanto David se tornaria uma menino extrovertido. A diferença de idade também pesou.

Por essa época, Jeffrey Dahmer passou a desenvolver um fascínio estranho por animais mortos. Entre sete e oito anos, Jeffrey encontrou um esquilo em decomposição e arrancou seus ossos para ver como eram. 

Lionel achava que a timidez do filho passaria com o tempo. Ele mesmo havia sofrido disso na infância, na mesma idade de Jeffrey. Talvez a mudança repentina teria culpa nesse isolamento todo. A maior diversão do filho era assistir aos desenhos animados junto ao seu pai, principalmente Popeye e Batman aos sábados de manhã. Em abril de 1967, Lionel comprou uma nova casa e a família mudou-se outra vez, para Bath. Jeffrey pareceu se ajustar melhor à nova casa, fazendo amizade com um vizinho chamado Lee. Aos sete anos, Jeffrey recebeu de sua professora de biologia um recipiente com girinos, o que fazia parte de um trabalho. Tempo depois, Jeffrey soube que a professora também havia dado girinos para Lee. Escondido, Jeffrey entrou na garagem de Lee e matou os girinos com óleo de motor.

Jeffrey Dahmer (direita) e seu amigo Lee, vestidos com camisetas de demônios para uma festa de Halloween, saboreavam sorvetes e outras guloseimas. Fotografia feita em Barberton, Ohio, no ano de 1967 e publicada no livro "A Father's History".
Jeffrey crescia cada vez mais tímido e isolado. Respondia às perguntas feitas para ele de forma monossilábica, quase inaudível. Tinha pavor em se relacionar com outras pessoas e permanecia mais em casa, sozinho, em seu quarto, assistindo à sua TV. Parecia não ter nenhum propósito na vida. “Suas conversas limitavam-se à responder a perguntas feitas a ele, e mesmo assim, de forma monossilábica. Ele estava à deriva em um mundo de pesadelo e fantasias inimagináveis. Nos próximos anos essas fantasias começariam a dominá-lo por completo.” disse Lionel Dahmer. Em 1968, a família Dahmer se mudou novamente. Dessa vez para o número 4480 da W. Bath Road, em Bath, Ohio. Jeffrey começou a estudar na Bath Elementary School. Steve Lehr, uma amigo de Dahmer por essa época lembrava que Jeffrey tinha um comportamento estranho por essa época. Uma das brincadeiras favoritas de Jeffrey era Ghosts in the Graveyard, uma espécie de pega-pega, onde uma criança, fingindo ser um fantasma, deve encostar em um coleguinha. Assim, este será o fantasma na próxima rodada (leia mais sobre o jogo clicando aqui - Em Inglês). Outros colegas de infância de Jeffrey afirmam que ele tinha conversas estranhas, sobre como seria o interior dos animais. Durante uma pesca com um amigo, Jeffrey pescou um peixinho de tamanho insignificante. Do nada sacou um canivete e abriu o bicho. Seu amigo o indagou o porquê daquilo, ao que Jeffrey respondeu que apenas queria ver o peixinho por dentro. 


Jeffrey Dahmer e seu irmão, David.
Fotografia de família: Jeffrey Dahmer, Lionel, Joyce e David. 
Começou, então, outra fase marcante em sua vida: A adolescência.


Revere High School.

Com 12 anos, Jeffrey conseguiu um emprego informal em um local de venda de arbustos. Seu patrão parecia muito entusiasmado. Entre 13 e 14 anos, Jeffrey Dahmer desenvolveu sua sexualidade e descobriu-se homossexual após beijar outro garoto da vizinhança. Ele percebeu que só se sentia atraído por meninos. Jeffrey manteria sua homossexualidade em segredo. Foi por essa época que Jeffrey experimentou a bebida alcoólica  Ele iniciou seus estudos na Revere High School, em Richfield. Lá, ele jogava tênis e tocava Clarinete na banda da escola. O tênis era uma forma encontrada por Jeffrey para interagir um pouco. Ao invés de jogar sério, por muitas vezes, Jeffrey ficava rindo e brincando com seus companheiros de equipe. Muitas vezes, seus adversários não entendiam do que riam tanto. Jeffrey era um adolescente inteligente, considerado brilhante, mas não tinha tanto interesse em estudar. Ele era educado com os professores, respondendo sempre “sim, senhor”” ou “Não senhor”, muitas vezes era elogiado por suas atividades na escola. Jeffrey era conhecido por seu comportamento brincalhão e esquisito. Essa era uma tentativa de ser visto, uma necessidade de aparecer. Jeffrey queria se enquadrar em um mundo do qual ele não fazia parte. Ele tinha um senso de humor bizarro. Segundo seu ex-colega de escola, o ilustrador John Backderf, autor de uma HQ chamada My Friend Dahmer, Era impossível ter uma conversa comum com Jeffrey. Ele ficava imitando animais e fingia ter ataques epiléticos nos corredores do colégio. Dava gritos bizarros sem nenhum motivo. Ele também desenvolveu um ritual estranho de dar pessoas para frente e para trás antes de entrar no ônibus escolar. Ele se tornou motivo de riso e gozação na escola. No inicio chegou a sofrer o chamado bullyng, até mesmo sofrendo agressões físicas. Depois pareceu ter sido esquecido pelos valentões de sua escola.


Fotografia de Jeffrey Dahmer na época do colégio.

My Friend Dahmer foi lançada no ano de 2002. A revista contava a relação entre John e Jeffrey, na época em que ambos estudavam na Revere School. A revista não trata dos crimes de Dahmer, focando somente na adolescência de Dahmer, mostrando como ele era isolado, atormentado e como tinha necessidade de atenção.


John Backderf, autor da graphic novel "My friend Dahmer".

My Friend Dahmer conta a história da convivência com Jeffrey Dahmer adolescente.
John Backderf: “Conheci Dahmer na sétima-série… ele era um Zé ninguém. Um daqueles garotos que se tornam tímidos e inválidos quando entram no início da adolescência. Quando criança, Dahmer era uma vítima constante de bullyng. Um nerd magricela usando óculos era uma presa fácil para os valentões do playground. Isso só piorou com o tempo. Mas toda escola tem crianças que não se encaixam. Não me lembro de ouvir sua voz enquanto estávamos no ensino fundamental, mas quando ele entrou para o ensino médio… No ensino médio ele começou a ter uma fala arrastada, fazendo mímicas e movimentos espasmódicos, imitando pessoas que tinham paralisia cerebral. Soa doente agora, mas nós achamos aquilo hilário. Eu e alguns amigos instigávamos ele a fazer aquilo … e ele chamava toda atenção. Foi a primeira vez que ele foi notado no colégio. Nós até formamos um fã clube, o Dahmer Fan Club. Eu era o presidente!”

Outro episódio lembrado por John Backderf ocorreu durante a seção de fotos do anuário escolar: "Eu estava trabalhando no anuário da turma com uns colegas e a gente chamou Dahmer para entrar em algumas fotos para o anuário. E uma delas era da National Annual Society da qual ele, obviamente, não era membro. Aí, quando o conselheiro viu ele riscou o rosto dele na foto que ia ser impressa, o que é uma espécie de símbolo da juventude desperdiçada dele... Um rosto pintado de preto. Um garoto que não existia.” 



"Um garoto que não existia": Ao centro, Jeffrey Dahmer teve o rosto coberto pelo conselheiro do colégio por não fazer parte da National Annual Society (Foto publicada em "My Friend Dahmer")

O próprio Dahmer, mais tarde, relataria ao psiquiatra forense Robert Ressler um episódio de violência sofrido por ele: “Eu tinha ido visitar um amigo e voltava para a casa de noite, quando vi três alunos mais velhos se aproximando na escuridão. Tive a sensação de algo iria acontecer... e não deu outra. Um deles pegou um cassetete e bateu bem aqui na minha nuca.” 

Robert Ressler, psiquiatra criador do termo serial killer na década de 70.
Robert Ressler (à esquerda) posa ao lado de Edmund Kemper, um serial killer canibal que assassinou várias colegiais na Califórnia, Estados Unidos.
Robert Ressler e John W. Gacy Jr., o "palhaço assassino"

“Uma vez ouvimos alguém correndo e gritando pelo corredor e era Jeffrey Dahmer, em pleno dia, correndo e gritando com seus braços abertos: ‘Furacão, furacão, todo mundo se esconda! ’... Outra vez ele coletou dinheiro para um “show” no shopping. Chegamos lá, havia uma mulher distribuindo sementes de girassol e Jeff comeu uma, depois outra e depois outra. De repente ele começou a surtar do nada: ‘Eu sou alérgico! Eu sou alérgico!’ E saiu correndo do lugar...” – Mike Kukral, colega de classe de Jeffrey Dahmer.

Certa vez, em uma excursão à capital dos EUA, Washington, Jeffrey Dahmer veio aos colegas com uma ideia aparentemente absurda e se encontrar com o vice presidente da época, Walter Mondale. Segundo Marty Schmidt, colega de classe de Dahmer, todos riam da idéia. Mas Jeffrey pegou o telefone, ligou para o escritório da vice-presidência e explicou que fazia parte de uma turma do ensino médio de Ohio. Que trabalhava no jornal escolar e que gostaria de falar com alguém do escritório da vice-presidência. Ele acabou conseguindo que sua turma fosse visitar o escritório. Não somente isso, eles conheceram o vice-presidente dos Estados Unidos. 



Jeffrey Dahmer fotografado ao lado de um colega de classe nos corredores da Revere High School, em 1978, aparentemente, em mais uma de suas imitações cômicas. Dahmer viu em tais imitações a chance de criar para si uma imagem e interagir em um mundo do qual não fazia parte.
Jeffrey Dahmer na época da Revere School.
Entre os 14 e 15, Jeffrey desenvolveu fantasias envolvendo sexo, violência, dominação e morte. Tais fantasias evoluiriam ficando cada vez mais intensas. Entretanto, Jeffrey não se abria com ninguém, guardando isso somente para si. Tais fantasias, combinadas à confusão de sua condição de homossexual, seria um dos fatores que fizeram Jeffrey abraçar o álcool, tornando-se um alcoólatra precoce. Às vezes Jeffrey bebia 6 cervejas em questões de minutos antes de ir para a escola cheirando a álcool e completamente bêbado. Ele também começou a levar uísque para dentro da sala de aula. Marty Schmidt se lembra de um episódio em que Jeffrey estava com uma garrafa de uísque escondida debaixo da sua mesa. Quando perguntado a Jeffrey do que aquilo se tratava, Jeffrey disse ser um “medicamento” seu.

A bebida também foi um assunto tratado por Jeffrey em sua entrevista com Robert Ressler: 



Robert Ressler, entrevistando Jeffrey Dahmer.

Robert Ressler: Você costumava devanear e não se concentrava na escola? 

Jeffrey Dahmer: Na terceira série eu comecei a beber e isso foi um problema. 
Robert Ressler: Alguém chegou a chamar sua atenção? 
Jeffrey Dahmer: Algumas vezes. 
Ressler: Isso trouxe problemas? 
Jeffrey: Eu fui castigado, sim.


Jeffrey Dahmer também contou sobre como suas fantasias estavam afloradas nessa época. Uma vez, Jeffrey leu em um obituário sobre um rapaz que havia morrido em um acidente de moto. Jeffrey ficou apaixonado pelo indivíduo só de ver a foto. Jeffrey chegou a ir a funerária para ver o corpo, ficando tão excitado que precisou ir até o banheiro se masturbar. Outro fato ocorrido que demonstrou a intenção de ultrapassar o limite entre a fantasia e o ato físico ocorreu depois que Jeffrey viu um atleta praticando corrida em uma rua arborizada da cidade. Jeffrey viu o homem duas vezes. Um dia, pegou um pedaço de taco de baseball e se escondeu atrás de uma árvore. Ele esperava que o corredor passasse para dá-lhe uma cacetada atrás da cabeça, assim poderia violar o corpo do jovem como bem entendia. Porém, o corredor não apareceu nunca mais.

Foi por essa época, que Jeffrey começou a dessecar animais mortos. Ele vagava por estradas secundárias e rodovias, apanhando carcaças de animais atropelados e levando para a casa em um saco. Apesar de ser amplamente difundido que Jeffrey torturava animais, isso nunca foi provado e é negado por Jeffrey e por seu pai. O que aconteceu é que ele tinha uma curiosidade mórbida pelos corpos dos animais. Jeffrey pegava as carcaças, levava para sua casa, dessecava e dissolvia a carne em ácido para estudar os ossos. Ele decapitava pequenos roedores e branqueava ossos de aves em alvejante. Esses comportamentos pareceram normais quando, numa aula de biologia, Jeffrey dessecou um feto de porco. Ele levou os restos para sua casa. Jeffrey ganhou um kit introdutório de substâncias químicas do pai, que usou em seus experimentos de animais mortos.



Jeffrey Dahmer fotografado em 1974.

Em 1975, Kim Klippel, 16 anos, vizinho dos Dahmers, caminhava pela floresta que havia atrás da casa de Jeffrey quando viu uma cabeça de cachorro empalada em um graveto. Havia uma cruz de madeira ao lado e o corpo do cachorro totalmente mutilado foi pregado em uma árvore próxima. Outro vizinho dos Dahmers, Eric Tyson alegou que Jeffrey tinha um verdadeiro cemitério de animais nos fundos de sua casa. Havia cruzes pequenas e ossos espalhados. 


Hobby bizarro: Cabeça de cachorro empalada por Jeffrey Dahmer, encontrada atrás de sua casa em Bath, Ohio, em 1975.
O comportamento de Jeffrey era influenciado por outra coisa: As brigas entre Lionel e Joyce. Dahmer se sentia mal e se fechava em seu canto. Às vezes, saía para a floresta, onde ficava batendo com pedaços de paus em árvore. Em 1994, perguntado pelo jornalista Stone Phillips sobre tais obsessões, Jeffrey alegou que sentia uma sensação de poder de dominação em relação aos animais, mas não era um prazer sexual. Esses eram os primeiros indícios da obsessão de Jeffrey por algo morto. Algo sem vontades e sem opiniões, que pudesse ser facilmente manipulável.  A ruína no casamento de Lionel e Joyce faria com que Jeffrey nunca desejasse contrair matrimônio:

"Eu decidi que nunca ia me casar, pois não queria passar por algo assim..."

No colégio, as conversas sobre morte e atropelamentos fizeram com que os poucos amigos que tinha se afastassem. Seus colegas de classe achavam que ele poderia ter algum envolvimento com prática de ocultismo. Ninguém tinha noção do que se passava na cabeça de Dahmer. Ele não entrava em detalhes com ninguém sobre suas fantasias. Nem com seus pais e parentes, nem com seus amigos ou professores. Ele não tinha amigos íntimos e nem uma vida social boa, Jeffrey se sentia totalmente sozinho. 



Jeffrey Dahmer, fotografia de 1977.
Apesar de suas fantasias violentas, Jeffrey nunca demonstrou um sinal de raiva. Quando contrariado por algo ou alguém, ele apenas se fechava para si. Nada parecia importar para ele. Jeffrey, obviamente, não se interessava por garotas, mas conseguiu um par para o baile de formatura em 1978, quando tinha 18 anos. O nome da moça era Bridget Geiger, 17 anos de idade. Ela aceitou o convite de Jeffrey Dahmer com uma condição: Que ele não agisse de maneira estranha e que ele não aparecesse bêbado no baile. Jeffrey concordou. Na noite do baile, Jeffrey se demonstrou tímido, mas agiu de forma educada. Ele não usou smoking, mas sim calças escuras, um colete e uma gravata borboleta. A noite decorria bem, até que Jeffrey desapareceu da festa. Uma hora depois ele voltou totalmente bêbado, sendo impedido de entrar na festa. Jeffrey e sua companheira de baile terminaram a noite em um pub próximo. Parece que Jeffrey gostou da companhia da moça e tentou uma amizade, pois ela a convidou para um culto que aconteceria em sua casa. Depois dessa ocasião, Jeffrey desapareceu da vida da garota.

Jeffrey Dahmer ao lado de Bridget Geiger, 17 anos. Jeffrey prometeu a Bridget que não beberia, mas, após uma hora de baile, ele voltou para o recinto completamente embriagado.
Mas algo ainda mais terrível estava para acontecer na vida de Jeffrey. Algo que o magoaria e provocaria nele o medo de ser abandonado. Isso refletiria em seus crimes mais tarde: Lionel e Joyce, após anos de brigas e discussões, se separaram. Eles brigaram pela guarda de David, que na época tinha 12 anos, o que fez com que Jeffrey se sentisse abandonado. Lionel Dahmer saiu de casa para morara em um hotel na época em que Jeffrey ainda estava na Revere High School. Joyce também saiu de casa e retornou para Wisconsin com seu filho mais novo. Por um motivo até hoje desconhecido, Jeffrey Lionel Dahmer foi deixado sozinho, sem trabalho, sem comida e à sua própria sorte na casa da família em Bath, Ohio. Era a primeira vez que ele ficava sozinho nos seus 18 anos de vida. O que pareceria para a maioria dos jovens de 18 anos a conquista da liberdade tão sonhada, para Jeffrey, aquilo era um pesadelo.

Pouco tempo depois, Jeffrey atravessaria a fronteira entre a fantasia e a ação e transportaria seu fascínio em animais mortos para humanos. Tudo mudaria para Jeffrey Dahmer em junho de 1978.



O vídeo abaixo mostra diversas fotografias e filmagens caseiras feitas pela família de Jeffrey Dahmer. Nas imagens, vemos um garoto aparentemente normal.





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5 comentários:

  1. Amaneira como relatas é impressionante, não conhecia a história de Dohmer, mas me envolvi com a a mesma. Parabéns pelo blog.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Alguém pode me informar qual o nome da música que está no vídeo, feito pela família de Jeffrey Dahmer...?!! Obrigada.

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